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03.11.2010
ROBBEN ISLAND
Contrariando todas as expectativas, o mar estava favorável para o passeio à Robben Island (no dia anterior, todas as agências de viagens haviam informado acerca da impossibilidade de fazer o passeio em razão da previsão de tempo chuvoso – previsão esta na qual acreditam como se fosse uma religião).
Pegamos o catamarã do primeiro horário (conseguimos acordar para estar lá às nove horas!) e o tempo de viagem até a ilha é de aproximadamente meia hora. Por sorte o mar estava bem calminho...
Chegando lá, quem não tem excursão pré-agendada, sobe em um ônibus determinado, cujo guia era extremamente performático, como um narrador de historinhas da Disney. Ele pedia que cada um falasse o país de origem e logo o relacionava com a história da África do Sul: ficamos com medo do que poderia sair em relação ao Brasil e preferimos omitir nossa nacionalidade.
O guia é um ex-preso político da ilha, tendo conhecido muitos presos ilustres como Neslon Mandela e um outro que, pela relevância (presidente de um partido político da oposição) parecia uma espécie de percursor do herói nacional (mas, infelizmente, não me lembro seu nome). Este último, sempre foi mantido em uma solitária, mas, por milagre, não chegou a enlouquecer.
Após vermos o local em que ele foi segregado (é uma pena não podermos sair do ônibus, por isso é melhor pegar um lugar próximo à janela da direita, onde pode-se ver melhor os hightlights), seguimos em direção a um cemitério, ocasião em que o guia nos esclareceu que, além de a ilha já ter sido lugar para detenção de presos, desde a colonização dos holandeses, em 1650, também já foi utilizada como leprosário, onde eram segregadas as pessoas portadoras da hanseníase (este nome apenas foi atribuído após a descoberta da sua cura, por um noruegues cujo nome tinha alguma coisa de Hans).
Após a introdução de árvores não endêmicas (aprendi esta expressão na última viagem e adorei!), os recursos hidricos foram exauridos, já que cada exemplar da espécie introduzida (não chegamos a conclusão de qual seria, afinal, embora inicialmente eu tenha entendido eucalipto) consome cerca de três litros de água diários, conforme orientam os melhores médicos!
E, como as espécies acabaram atraindo uma significativa diversidade de aves, não se pode mais extirpá-las do local. Parece que aconteceu o mesmo com os coelhinhos trazidos da Australia (tornaram-se uma praga por aqui também!) e com os gatos, que tampouco podem ser exterminados, por serem protegidos pela organização internacional protetora dos animais.
O nome da ilha, inclusive, deriva da antiga grafia holandesa de foca (obviamente não cheguei a esta conclusão sozinha), qual seja, robben, já que a ilha possuia uma significativa colonia destes mamíferos marinhos.
Embora não tenhamos visto sequer um exemplar da espécie, dizem que é a terceira maior colônia de pinguins, mesmo após os holandeses terem se fartado de comê-los.
Passamos em frente a pedreira de calcario, onde os presos tabalhavam pelo menos seis horas por dia, sob o sol escaldante, o que causou graves problemas oftalmológicos.
Paradoxalmente a este trabalho forçado, praticamente inútil, utilizado como espécie de punição, foi reconhecido o direito fundamental ao estudo, então vários presos políticos cursaram cerca de três universidades no período em que ficaram segregados.
Vimos, também, uma base militar da segunda guerra mundial que afortunadamente nunca foi utilizada. O guia nos solicitou que não contássemos aquele segredo para o Bush, já que não poderia prever as consequencias!
O término do tour rodoviário é na própria prisão, ao lado da qual há algo parecido com uma mesquita, mas que é, na realidade, um túmulo muçulmano.
Nosso novo guia, que nos acompanha na prisão, é absolutamente ininteligível, com sua fala decorada e monótona. Obviamente, não consigo me lembrar de muitos detalhes de suas observações sobre o cotidiano da prisão (ele, também, foi um preso – não sei se político), mas o que mais chama a atenção é que as porções das comidas são diferenciadas de acordo com a cor da pele do preso, como se houvesse uma escala de “branquidão”.
Outro dado significativo, que causa horror a qualquer pessoa que levanta pelo menos duas vezes a noite para ir ao banheiro, é que dentro das celas individuais nas quais os presos são confinados à noite não tem banheiro. Óbvio que não tive coragem de perguntar o que aconteceria em uma emergência.
Por fim, visitamos a cela do Nelson Mandela, de número 07, da ala “A”, que, naturalmente e contrariando as nossas expectativas, em nada se diferenciava das demais.
Sua filosofia era o restabelecimento do direito dos negros sem revanchismo. Na lateral do ônibus estava escrito uma frase sua “the jorney is never long when the freedom is the destination”.
THE TOWNSHIPS
Como São Pedro estava contribuindo, aproveitamos para fazer o tour das townships, muito comum por aqui, que se inicia com uma visita ao six district museum e segue para as townships propriamente ditas.
O six district museum foi declarado, em 1966, área exclusiva para brancos, já que estes estavam interessados no local. Então todos os negros e “amarelos” foram todos expulsos de suas residências, as quais foram literalmente destruídas por retroescavadeiras! Um verdadeiro horror.
As únicas construções da área que não foram destruídas foram as igrejas (que hipocrisia!), residências pertencentes aos governadores (óbvio) e mais uma meia dúzia de casas que deixaram de ser derrubadas pois o operário que dirigia a retroescavadeira se cansou de derrubar casas (pelo menos pela versão inverossímel dada pelo nosso guia).
E, para que as pessoas expulsas destas áreas não se tornassem homeless, o governo fez a “caridade” de lhes autorizar que vivessem em espécies de hostels, em locais afastados do núcleo urbano, pelos quais pagavam um aluguel bastante acessível.
Foi assim que foram criadas as townships, delimitadas por muros e cercas para evitar sua expansão.
Se antes estas townships eram habitadas pelas pessoas expulsas de suas residências originais, hoje percebe-se que é lá que se instalam as pessoas economicamente menos afortunadas.
Se perceberam alguma semelhança com algum tipo de comunidade no Brasil, acertaram! Na verdade, só muda o nome (township é mais chique, não? Por sinal, há controvérsias sobre a origem da denominação (eu achei que fosse pela razão de algumas pessoas residirem literalmente em containers, mas o guia disse que, depois de uma pesquisa, percebeu que predominava a teoria de que a expressão era proveniente de ‘shiped’, ou seja, expedido ou despachado da cidade).
E outra diferença significativa é que por aqui as favelas são cercadas, enquanto no Brasil os condomínios é que são cercados.
Ah, e como era de se esperar, em razão da copa do mundo deste ano, o governo resolveu ‘passar uma tinta’ nas casinhas que ficam na beira da estrada e até construir umas de melhor qualidade, que estão naturalmente desocupadas, já que o aluguel custa em torno de R$ 700,00! Se algo parecido acontecer no Brasil, como já percebemos na Rocinha, quem sabe os sulafricanos não podem vir a querer cobrar direitos autorais sobre a idéia?
Depois de visitarmos o centro comunitário de artesanato (eu já estava estressada achando que não fossemos entrar no âmago das townships), foi possível fazer um pequeno passeio entre as ruelas.
Visitamos um hostel da comunidade, onde ainda hoje as pessoas pagam por uma cama e muitas vezes mais de uma família divide o mesmo quarto. Mas o que mais me desesperou foi a baratinha que passeava em cima do relógio de luz cujo serviço é pré-pago. Como o guia falava da miséria daquelas pessoas, fiquei muito constrangida em dar um berro e sair correndo para o mais longe possível ‘só’ por causa daquele monstrinho. Prendi a respiração e agradeci pela brevidade da exposição.
Passamos também por muitos braai (churrasco) de cabeça de carneiro (isso mesmo! E a lingua é a parte preferida, havendo até briga para quem tem o direito de degustá-la). Mas antes há todo um processo meticuloso, no qual se queima a cabeça para extirpar-lhe os pelos, depois se lava cuidadosamente e só em seguida ela está pronta para ser devorada. Acompanhamos todo o processo e até nos foi oferecido um pedacinho para experimentarmos, no entanto, preferimos declinar a oferta, pois não estávamos com fome...
Não há sistema de água e esgoto e muitas casas sequer possuem banheiro em seu interior, dividindo os banheiros químicos que foram estrategicamente instalados na beira da estrada como forma de escamotear a ‘feiura’ das casinhas dos turistas que chegam na cidade.
Mas o governo está solucionando o problema, mediante a construção de novas residências para aqueles que comprovarem, mediante documento hábil, que eram moradores do six district. O pequeno problema é que quase ninguém possui qualquer documento que comprove residência naquela época, como conta de luz ou água, pois já se passaram mais de cinquenta anos!
Visitamos umas duas casinhas mais arrumadinhas, e o guia até sugeriu que ‘puxassemos um assunto’ com as moradoras, só que ficou uma situação muito chata, pois nos sentíamos como ‘invasoras’ da sua privacidade. A única coisa que descobrimos é que nenhuma das duas eram ex-moradoras do district six.
O último lugar que visitamos, já fora das townships, foi o bairro malásio, ou bo-kaap, que é realmente uma gracinha, com cada casinha de uma cor. O guia falou com certo ressentimento sobre os malásios, já que, ao que parece, esses não foram expulsos de suas residências na época da demolição das casas do district six.
Flávia acabou de me lembrar que aprendemos uma nova lingua: o Xhosa (fala-se ‘closa’, ou algo do gênero). É praticamente impossível falar assim, pois temos que ficar estalando a língua! Foi só então que entendemos (e perdoamos) o péssimo inglês falado pelo guia.
RESTAURANTE BELUGA: para relaxar do dia literalmente pesado que tivemos, fomos jantar em um restaurante agradabilissimo nas redondezas, cuja carne foi uma das mais macias que já comemos. Embora haja controvérsia, também achei a sobremesa a melhor do mundo (Flávia continua achando a do Outback melhor). E, quem preferiu jantar do lado de fora, não precisou se preocupar com o frio, pois o próprio restaurante fornece cobertores vermelhos para aquecer seus clientes.
04.11.2010
VINICOLAS
STELENBOSH: a primeira vinícola visitada do dia, situada em um lindo local montanhoso, cuja beleza apenas foi ofuscada pela chuva torrencial. O proprietário investiu entre cinco e quinze milhões de euros nas instalações da vinicola, o que logo se percebe ao entrar pelo luxuosíssimo salão principal. Até chegarmos aos nossos tintos preferidos, fomos quase ‘compelidas’ a degustar os brancos frutados (eca!) e o chadornay envelhecido em barrica de carvalho, que era um pouco mais palatável. O campeão, evidentemente, foi o mais antigo (e também mais caro) dos tintos, mais ‘cheio’ e marcante.
Após a degustação que, por sorte, foi logo a primeira etapa do tour, seguimos em direção aos tonéis de fermentação da uva e ouvimos (sem entender nada, pois o inglês do guia da vinicola era horrível) toda aquela cansativa explicação que já sabemos praticamente de cor.
FRANKSCHOEK: o nome, que significa ‘cantinho francês’, foi atribuída a esta região vinícola ocupada pelos franceses huguenontes fugidos da perseguição religiosa. Visitamos uma vinícola pertencente ao quinto homem mais rico da África do Sul, que exerce a viticultura apenas por hobbie, já que sua fonte de renda substancial é proveniente da subtração de vidas de seres humanos: indústria do cigarro. O hobbie da sua esposa, por sua vez, é de criação de cavalos para venda, e ambos possuem uma coleção de mais de cem automóveis antigos (e modernos) como hobbie comum. Sinceramente, a vida deles deve ser bastante tediosa, a ponto de terem a necessidade de cultivarem tantos hobbies assim...
Desta vez resolvemos dispensar a introdução dos brancos (já estávamos altinhas) e fomos direto ao que interessava: os vermelhos! O primeiro é de uma uva ‘de mesa’ muito utilizada pelos italianos, principalmente para fabricação do chianti, sangiovenese, é bem gostosinho, embora mais leve que o habitual. O segundo vinho teve seu nome dado em homenagem a um escalador profissional, amigo dos donos, que faleceu após uma queda de uma das montanhas daquela propriedade. Não tinha homenagem pior, já que achamos o vinho terrível! O último foi bonzinho, mas nada que justificasse mais um quilo na bagagem de mão. Fomos embora com as mãos literalmente abanando.
PAARL: última região visitada, onde finalmente pudemos ter o prazer de almoçar e dar um tempinho no alcool. Na vinícola que visitamos desta região, tivemos a possibilidade de selecionar as seis degustações de tinto, o que, evidentemente, nos deixou muito gratas.
O almoço deste dia não era o típico carneiro assado na brasa dos sábados, mas o crepe acompanhado de uma saladinha foi bem oportuno, ajudado pela coca light.
Terminado o almoço, ainda visitamos mais duas vinícolas, ambas em stelenbosh, sendo que em uma delas encontramos um pinotage com o qual finalmente nos identificamos (os outros eram muito frutados para nosso paladar exigente...).
A uva pinotage foi um cruzamento genético promovido aqui na África do Sul entre a pinot noir e uma uva cuja região européia é conhecida como heritage, daí o equívoco cometido ao se atribuir o nome à uva.
Dada a dificuldade de encontrar um pinotage que atendesse a nossa vontade, resolvemos comprar um de lembrança, só não sei se chegará ao Brasil, mas guardaremos direitinho na nossa memória!
RESTAURANTE AUBERGINE: restaurante tipicamente europeu, inclusive na porção (tivemos sorte por não termos muita fome). Como já estávamos praticamente de ressaca, pedimos uma coca light que foi servida em um jarrinho (nunca vi isso!). A comidinha é muito bem feita e o ambiente simpático.
05.11.2010
TABLE MONTAIN: aproveitamos a manhã de sol para visitarmos a ‘table montain’, nome este derivado de sua aparência de mesa, em razão do seu topo ser uma espécie de platô. Parece que a montanha (assim como aquela de Bora Bora) exerce uma espécie de atração magnética das nuvens, as quais, quando aparecem no céu azul, se aproximam da mesa e são, então, consideradas suas toalhas.
Depois de aturarmos uma fila de mais de uma hora para subirmos no bondinho, da qual poderiamos ter sido poupadas caso o taxista não tivesse nos traumatizado com a história da menina que morreu ao escorregar subindo a trilha mais básica, aproveitamos para apreciar a vista em 360 graus (o chão do bondinho roda, o que deixou os passageiros em uma histeria coletiva espetacular!).
Do topo da table montain atinge-se uma altura de mil metros de altitude, o que é facilmente verificável pela significativa mudança de temperatura. A vista lá de cima é magnífica! Uma trilhazinha de uns vinte minutos permite admirar a Cidade do Cabo de todos os seus ângulos.
Embora acreditassemos ter pego esta trilha mais curta, após aproximadamente uma hora de caminhada e muita sede (não nos preocupamos em levar água), constatamos que havia outras relativamente maiores, que poderiam inclusive levar à outra extremidade da montanha.
Como ficava muito longe mesmo e nossa boca não aguentava de tanta ‘secura’, dedidimos voltar, não sem antes eu me meter a subir em um local que não era para inexperientes. Não era nada absurdo, até porque tanto pessoas da ‘melhor idade’ quanto crianças estavam subindo ali, acho que era só para pessoas que não estavam acostumadas com pedras (eu fui criada em uma escola na qual eu me sentia um cabrito indo para a aula, de tanto morro que tinhamos que subir).
Como a Flá não estava animada para me acompanhar, acabei ficando sem foto do local, já que não queria atrapalhar os turistas que aproveitavam a energia especial do local para meditar um pouco.
O mais interessante ocorreu quando uma pequena névoa veio em nossa direção, a qual, em questões de segundos, começou a se tornar mais densa e, de repente, não viamos mais um palmo na frente dos nossos olhos. A sorte é que, com a mesma velocidade que a neblina chegou, ela se foi, e pudemos continuar desfrutando daquela vista magnífica.
Sem dúvida, um dos locais mais interessantes que já visitei. Se tivessemos tempo suficiente, poderia ficar ali a tarde inteira, admirando a paisagem e renovando minhas energias (basta acreditar que se trata de um dos pontos mais energéticos do planeta).
MARATONA: CAMPS BAY A SEA POINT: depois do almoço em Camps Bay beach, com o estômago ainda meio pesado, resolvemos fazer aquilo que qualquer médico desaconselharia: caminhar pela praia. No início, tinhamos decidido ir apenas até a ponta da camps bay para tentar encontrar um ângulo melhor para tirar foto dos doze apóstolos (as montanhas ao lado da table montain), mas como não encontávamos um local adequado para encaixar todos em uma foto não panorâmica, continuamos andando, esquecendo até mesmo que haviamos almoçado um t-bone steak.
Chegamos a praia de Clifton, cuja área designada por ‘04’ é a maior, mas há outras três entre as pedras, cujo acesso se dá praticamente entre as casas das pessoas, com moderníssimos (e perigosíssimos) sistemas de segurança, inclusive com cercas elétricas.
Quase nos perdemos naqueles labirintos e, em razão do frio e cansaço, desistimos de descer até a praia ‘03’, famosa pela temática especial.
Continuamos o passeio pela Niemayer da Cidade do Cabo (eu achei mais parecida com aquela estradinha que liga Icaraí a Sao Francisco, mas tudo bem), mas, a cada curva, entrávamos em desespero, já que o sea point parecia super distante e não passava qualquer taxi pelo local.
Depois da interminável caminhada pela costa, chegamos ao sea point, onde tivemos idêntica dificuldade para encontrar um taxi. Depois de andarmos um total de mais de cinco quilômetros (fiz esse cálculo mentalmente, mas amanhã pretendo me certificar da sua proximidade com a realidade), encontramos finalmente um taxi cujo preço, para média, era astronômico. No entanto, preferimos não arriscar perdê-lo e chegamos a conclusão que o ‘investimento’ realmente foi recompensador.
RESTAURANTE ANATOLI: como já haviamos enchido a cara de carne no almoço, não estávamos com muita fome e aproveitamos para escolher umas entradinhas, que são oferecidas em uma bandeja, permitindo que você coma com os olhos (boa técnica de venda...). O pão, natural ou com alho, é literalmente jogado sobre o papel toalha da mesa e partido ali mesmo. O vinho sugerido pelo dono (nitidamente turco) era proveniente de uma pequena produtora de vinho cujo nome não nos recordamos (para variar) e estava uma delicia.
BOATE GLS: como o restaurante fica na área GLS da cidade (greenpoint mais próximo ao Centro), resolvemos conhecer uma boate, exclusivamente por interesse antropologico. Não é nada menos pior que todas as outras que já conheci, com a única diferença que agora que eu não fumo mais, fiquei mais incomodada com a fumaça de cigarro no meu cabelo. Ah, também achamos interessante uma mocinha que entrou não apenas para vender aquelas pulseiras brilhantes (segundo papai, que liberam energia atômica), como também umas girafinhas tipicas das feiras de artesanato! Acho que suportamos uns trinta minutinhos ali dentro, tempo este que sequer foi suficiente para terminar com a cerveja, cuja temperatura era quase ambiente.
06.11.2010
PAN AFRICAN MARKET: descobrimos, tempestivamente, que diferente do informado em um dos nossos guias, este mercadinho situado no interior de um pequeno prédio abre aos sábados! E fomos nós, todas animadas, no afã capitalista do ‘adquirir’.
No entanto, se há uma palavra que sintetiza meu sentimento em relação a este dia seria ‘frustração’. E isso não em virtude de o mercado ter me decepcionado, mas, ao contrário, porque eu queria comprar tudo que passava pela minha frente, desde aquelas máscaras para rituais religiosos, casamentos, guerras, até os totens das mais diversas tribos de toda a áfrica subsaariana (o mercado vende produtos de artesanato de diversos países sulafricanos).
Mas, infelizmente, os mais interessantes eram obviamente os maiores (adorei uma espécie de par de bengalas, sendo que uma delas representava um homem e outra uma mulher, que os reis deixavam ao lado do trono para dar sorte. Quando manifestei meu interesse em comprá-las, Flávia quase me fusilou com o olhar e, depois, retornando para a realidade de passageira aérea de segunda classe, não consegui visualizar qualquer lugar cômodo para enfiá-las.
Enfim, apenas não fizemos um estrago porque temos um limite de cinco quilos sobrando para vôos internos, e ainda faltavam os ovos de avestruzes encomendados...
GREEN MARKET: quando finalmente conseguimos ‘nos livrar’ dos vendedores (parece até que fizeram curso intensivo de vendas com os chatos dos turcos), fomos em direção ao green market: uma praça onde todos os dias há diversas barraquinhas com produtos idênticos ao que haviamos visto nas lojinhas anteriores (e vendedores tão chatos quanto...)
COMPANY’S GARDEN: já estavamos sem paciência para aturar tanta insistência e resolvemos nos afastar do centro de compras, sem conseguir achar uma máscara bonita, que não afastasse a primeira visita que chegasse a nossa casa. Tentei argumentar com a Flávia que o objetivo era exatamente o de assustar os maus espíritos, mas acho que não fui bem sucedida no meu fraco poder de convencimento (principalmente pelo fato de EU não estar muito convencida).
Passeamos no company’s garden, que lembra bastante o Campo de São Bento. Deve-se ter muito cuidado ao passear pelo local, já que a quantidade absurda de pombos, multiplicada pelo estímulo dos ‘locais’ que fazem questão de alimentar-los com as mãos, faz com que quase nos tornemos vítimas de seus vôos rasantes (parecem cegos!) ou de um resultado da expulsão aérea dos seus excrementos.
Outro animal selvagem que causou verdadeiro terror na Flávia, que pensou estar sendo vítima de ataque, foi o esquilo. Não sei por que razão ele resolveu correr atrás dela, enquanto ela fugia desesperadamente. Pena que eu não estava com a câmera no modo ‘filmar’.
Ao lado do parque, há um enorme prédio do parlamento, em estilo clássico (embora a capital política seja Pretória e Johanesburgo – esta parte ainda não entendi muito bem – Cape Town é a capital legislativa).
CASTLE OF GOOD HOPE: terminado o passeio do parque, fomos em direção ao Castelo da Boa Esperança, no qual as minhas previsões se confirmaram: não há absolutamente nada de interessante para visitar neste castelo, por melhor que tenha sido nossa esperança de não estar perdendo nosso precioso tempo.
O único fato memorável foi o tiro dado por um canhãozinho de menos de um metro de extensão, cujo som era realmente ensurdecedor, como forma de se vingar daqueles que haviam feito pouco caso da sua potência, como eu.
WOODSTOCK: como a fome já estava batendo, resolvemos ir para o que eles chamam de Woodstock, ao lado do biscuitmill, uma espécie de suburbio da cidade. Há uma feirinha aos sábados, onde os jovens (e também aqueles nem tão mais jovens) se encontram para beber e comer sentados no chão, ou em mesas compridas, e interagir. Quando chegamos já estava no finalzinho, mas mesmo assim ainda conseguimos ‘filar’ um sanduichinho turco de pita com carne de carneiro na brasa.
WATERFRONT: negociamos uma corrida justa com o taxista para o Waterfriont (deve-se tomar muito cuidado, pois, com taximetro, eles podem enrolar turistas buscando caminhos mais longos e, sem ele, podem cobrar valores exorbitantes, mas, de qualquer forma, nunca sairá mais caro que qualquer taxi do rio de janeiro).
Mais watercrafts (não aguentava mais!) e, finalmente, a tão esperada parada para almoçar (ou seria jantar?) decentemente a beira do cais, aguardando o demorado por do sol (por aqui não há horário de verão, mas mesmo assim é tarde, por volta das 19:30h).
RESTAURANTE BELTHAZAR: eleito o melhor steak house da Africa do Sul, só se aconselha não abusar do vinho, cujo preço não é nada acessível. No entanto, o steak que comemos foi tão bom quanto os outros (por aqui eles fazem carne muito bem o que nos agradou bastante!).
Vale fazer uma observação: apesar de nenhum dos restaurantes que conhecemos colocar o preço da cerveja no cardápio, ainda não fomos supreendidas com qualquer valor acima de vinte rands (cinco reais), independente do nível do restaurante. Ah, e a cerveja mais comum de se encontrar é uma tal de Castle, que, apesar de fraca, tem um tom amargo que disfarça um pouco esta leveza. Gostei mais da que tomei neste dia, chamada de black label (qualquer semelhança é mera coincidência). Uma outra muito comum de se encontrar por aqui é uma da Namíbia, chamada de Windhoek. Ainda não provamos a hansel, mas assim que o fizermos, atribuiremos sua justa pontuação.
07.11.2010
Hoje foi o aguardado (e temido) dia do mergulho com o tubarão branco, o famoso ‘white shark diving’. Apesar de novembro não ser o melhor mês para este tipo de atividade (apesar de aparentemente paradoxal, no verão as águas são mais frias – média de 15º C – do que no inverno, quando costumam ser quentinhas, atraindo os tubarõezinhos), resolvemos arriscar e tentar ver pelo menos um ou dois, ainda que pequenos (os maiores medem até seis metros de comprimento).
Após assinarmos dois termos de responsabilidade (um em relação ao transporte terrestre, que é tão ou mais perigoso que a atividade-fim de mergulho na gaiola, sobre o qual temos que excluir toda a responsabilidade da empresa, como se este tipo de documento tivesse algum valor jurídico!), e tomarmos um café da manhã horroroso, já em Gransbaai (duas horas de van de cape town), somos conduzidas ao cais de onde sai o barco.
Não sei se estava com mais medo do tubarão ou da água gelada, mas não perderia por nada a oportunidade de chegar o mais próximo possível do animalzinho.
Na gaiola, cabem cinco ‘iscas’ humanas (na realidade, o tubarão sequer se interessa pela gaiola, já que a vê como um todo sólido, pois, apesar de ser a espécie de tubarão com melhor visão, não consegue distinguir os movimentos dos mergulhadores).
Não conseguimos fazer parte deste primeiro grupo (ou talvez tenhamos retardado voluntariamente o ingresso na gaiola para não sermos as cobaias), mas a visão do tubarão de cima do barco foi tão ou mais interessante que da gaiola.
Após uma espera de mais de uma hora, somos sinalizados pelo guia que há um tubarão branco próximo e as primeiras ‘vítimas’ são inseridas na gaiola.
Ele parece meio tímido, demora para se aproximar, mas quando chega, vem com todo aquele corpaço (o maior que vimos hoje não tinha mais que quatro metros), na tentativa de abocanhar a isca (dois cabeções de peixe). Como o guia puxa a isca, ele se aproxima mais do barco, enraivecido por não ter conseguido capturar sua refeição matutina.
Logo depois ele reaparece, na maioria das vezes pela nossa direita, e, como a visibilidade do mar está razoavelmente boa, consigo tirar ótimas fotos de cima.
Depois de umas três investidas, está na vez de trocar o grupo. Então nós descemos logo, para não postergar o sofrimento (com o medo da água, lógico!) e entramos naquela gaiola!
Que água era aquela! Nem a roupa de mergulhador foi capaz de nos salvar, pois entrava água por trás do pescoço e pelo sapato, que no afã de garantirmos a nossa vez, esquecemos de fechar.
Após aguardarmos de cinco a dez minutos naquela água congelante, ouvimos os gritos de advertência do guia: está na hora de abaixar a cabeça na gaiola para ver o tubarão dentro da água. Mas fico tão impressionada com ele dentro de fora, que acabo esquecendo de atender ao comando.
Aquela coisa imensa próximo de nós é realmente de arrepiar mais do que a água gelada. E este, diferente daqueles inofensivos do Thaiti, devora uma pessoa em poucas abocanhadas!
Depois de ele desaparecer por alguns momentos, ainda retornou mais duas ou três vezes para nos presentear com toda a sua graça monstruosa, ocasião em que tive a oportunidade de vê-lo por baixo da água, há menos de um metro de distância da jaula.
Entretanto, não foi desta vez que ele nos brindou com o susto de empurrar a jaula com seus dentes protuberantes.
Terminada a nossa oportunidade, somos retirados da gaiola e logo retorno para cima, a fim de acompanhar o último grupo ‘de camarote’.
Fiquei com pena desse pessoal, pois ficaram mais de meia hora na jaula e nada do tubarão aparecer. Parecia até que estava brincando de se esconder, para deixar a galera com frio, como forma de vingança por ser feito de otário com a isca.
Quando estavam quase sendo vencidos pelo frio, o tubarão aparece, maior que todos os outros dois, com umas mandibulas enormes de dar inveja em qualquer filminho de Spielberg.
A imagem dele vindo com aquele ‘queixo’ branco enorme, na direçã da isca, certamente não vai sair da minha cabeça. Me deu mais medo do que quando estava dentro da água. Pena que ainda não estava preparada com a máquina, para registrar aquele momento único.
Este último tubarão parecia mais agressivo que todos os outros (depois descobrimos que, na verdade, eram os organizadores que estavam dando mais ‘mole’ para ele, já que, por ser o último, permitiu que abocanhasse efetivamente o peixe, o que dava verdadeiro gosto de ver ‘alguém’ comendo com tamanha avidez o aperitivo).
Perto dos tubarõezinhos com os quais tivemos a oportunidade de nadar na última viagem, estes são gigantescos! São eles, na realidade, que sempre povoam nossa mente quando pensamos na espécie e nos trazem tanto pânico!
Obvio que não perderia por nada a oportunidade de perguntar se algum participante do ‘white shark diving’ já foi comido por um tubarãozinho deste, mas deixei a pergunta para o final, para não dispertar o pânico no pessoal. Mas a resposta foi um contundente não, acrescido da observação de que, se isso acontecesse, certamente as seis empresas que fazem este passeio ficariam por um bom tempo impedidas de exercer suas atividades.
No final, nos foi oferecido um almoço tão ruim ou pior do que o café da manhã, enquanto mostraram o vídeo mal gravado do nosso cinegrafista. Apenas compramos por piedade, já que o que nós fizemos foi muito melhor!
A noite, jantamos em um restaurante super aconchegante, pertinho do hotel, Hansagrill.
08.11.2010
Diferente do esperado, hoje não amanheceu um dia ensolarado. Como não tinhamos mais muitas opções para atividades com chuva, resolvemos conhecer o tal maior shopping center do hemisfério sul (Canal Walk) – depois constatariamos que seria, no máximo, o maior shopping do hemisfério sul da África!
A grande vantagem é que os produtos não são mais baratos que no Brasil, e, portanto, não tivemos muitas despesas.
O automóvel que a dona do hotel nos ofereceu era verdadeiramente ínfimo (acho que não poderia sequer ser chamado de carro) e chegamos a conclusão que seria impossível fazer a rota jardim com ele, já que não caberiam as malas e nós dentro do veículo.
Então fomos para o waterfront e conseguimos providenciar um automóvel que faça jus a esta qualificação, mas apenas para quarta-feira. Como quebra-galho, pegamos um mini-car (como são conhecidos por aqui) da chevrolet, chamado Spark, ou alguma coisa do gênero.
Para sair da agência, precisei respirar fundo e tomar bastante coragem, desenhando mentalmente o percurso a ser percorrido, a fim de evitar um acidente ao pegar a mão contrária.
Flávia me ajudou bastante nesta empreitada, evitando que eu ligasse meu ‘piloto automático’ e pegasse pistas indevidas.
O primeiro susto que levei, após deixar minha mão direita roxa de tanto bater na porta para tentar passar a marcha, foi olhar para o carro ao lado e ter a terrível impressão de que ele estava sendo dirigido por um fantasma. Como vocês certamente deduziram, olhei apenas para o banco do carona, que é naturalmente o nosso do motorista.
Mas o pior mesmo foi atravancar todo o trânsito, já que, como de costume, estava em uma velocidade baixissima na pista da direita, enquanto ouvia xingamentos que felizmente não compreendia.
Depois do passeio no shopping, tentamos conhecer as cidadezinhas próximas, como Paarl ou Franschkoed, mas pegamos um trânsito infernal (parece que é o horário e a direção do rush deles), então decidimos pegar o próximo retorno.
Aproveitamos o restinho do dia para visitar o tal aquário de dois oceanos (não sei porque estava crente que era o Atlântico e Pacífico, mas era o Atlântico e Índico), mas não achamos nada absolutamente que valesse a pena, exceto pelo pinguim imperador, que se admirava fixamente no espelho!
À noite, fomos em um restaurantezinho maravilhoso, chamado ‘Fork’, ideal para complementar nosso tour gastronômico, pois ele serve espécies de ‘tapas’ de comidas típicas locais: a minha preferida foi a carne de avestruz mal passada (pan ostrich – ‘pan’ significa ‘dar uma passada na frigideira, pelo que entendi). Mas tinha outros tapinhas igualmente deliciosos, como raclete com chorizo ou uma espécie de rocambole de beringela (até a Flávia se amarrou!).
Tentamos resistir à tentação do Baco, e pedimos inicialmente uma cervejinha (a tal hans, que é bem gostozinha, como a black label). Mas chegamos a conclusão que aquelas entradinhas pediam um vinhozinho e nos contentamos com uma tacinha, para não perder o hábito.
09.11.2010.
Hoje amanheceu igualmente um dia nebuloso, com a diferença de que estava ventando absurdamente (torcemos para que o vento levasse as nuvens embora e, aparentemente, deu certo!).
Visitamos o Jardim Botânico, logo pela manhã (Kirscenbosh, ou algo do gênero). Conseguimos chegar a tempo para fazermos o passeio guiado, mas foram poucas as coisas que conseguimos entender da guia, já que eram muitos termos ‘técnicos’ incompreensíveis.
Dentre o que foi possível entender, podemos citar o carvalho, que foi importado da europa para produzir barris, mas não deu muito certo, pois no clima quente a árvore desenvolve muito mais rápido e não chega a maturidade ideal para produção dos barris.
Ela explicou alguma coisa sobre o figo (ao menos deduzimos que ficus seria esta fruta), que é inicialmente uma flor, que se transforma em fruto desde que estimulada adequadamente por uma espéceie de bichinho que é seu parasita natural e de cuja existência a planta depende. Falou também que o povo africano acredita no poder fertilizante do fruto, bem como que os chefes das tribos costumavam come-lo para fortalecer seus guerreiros.
Como não aguentávamos a ‘velocidade’ da guia, o que acabou sendo percebido por ela, esta nos aconselhou subir logo até o final do parque, onde veríamos belas flores.
Todo aquele tapete verdejante com a cidade distante ao fundo é realmente muito belo, mas talvez seria ainda mais agradável em um dia de sol. As pessoas costumam vir a este parque fazer pique-niques e a prática é tão comum que o próprio restaurante vende cestas já prontas para o lanche a céu aberto.
Ao sair do parque fomos em direção a Constancia Vineyards, prosseguindo na mesma estrada. Demoramos um pouquinho para chegar, pois a estradinha, apesar de bem sinalizada, é bastante sinuosa, além de estreita.
Fomos direto para a Groot Constância, considerada a vinicola mais antiga da região e resolvemos deixar para fazer o wine tasting apenas após o almoço, já que nosso estômago estava clamando por comida.
No complexo, há nada menos que cinco restaurantes, dentre os quais escolhemos aquele que começa com “J”, mas tem som de “I” (não me lembro exatamente). Para variar, comemos uma carninha bem vermelha acompanhada de saladinha de espinafre (até a Flávia gostou do espinafre! Dá para acreditar nessa evolução?).
Tiramos várias fotos na frente do restaurante (o dia já estava completamente aberto, com um céu azul de doer os olhos) e seguimos para a casinha da entrada, onde poderíamos fazer o tão aguardado wine taste.
Os quatro primeiros ‘tastings’ não foram nem um pouco marcantes, até porque no vinho deles predomina um aroma mais frutado. O último, contudo, valeu a pena aguardar, pois era relativamente interessante (claro que não resistimos e compramos uma garrafa deste e também do espumante, que pretendiamos tomar na Table Montain durante o por do sol).
Retornando para a cidade, tivemos frustrada a nossa expectativa quanto ao por do sol na Table Montain, pois a felicidade de perceber que havia poucos turistas no local foi logo substituída pela decepção de constatar que a subida estava fechada, em razão de condições meteorológicas (embora o vento não estivesse forte no momento, ele estava imprevisível!).
Depois fomos ao Lions Head, pela signal hill, para ter uma visão panorâmica de outra perspectiva e aproveitamos para retornar pela Camps Bay e medir a quilometragem que caminhamos (apenas um pouco mais de cinco quilometros – estamos mesmo é ficando velhas!).
A noite, para confirmação desta última tese, não fizemos absolutamente nada, fora dormir e passar as fotos para o computador.
10.11.2010
Hoje foi o dia da substituição do carro (pretendiamos pegar um maior, cuja mala coubesse nossas malas, até descobrirmos que a troca não traria nenhuma vantagem substancial) e fomos brindadas com um carro zero kilometro (me deu até pena do bichinho...).
Não satisfeitos em colocar o volante do lado errado, a Toyota resolveu trocar o lado do limpador de parabrisa e o comando do farol: não deu outra, toda hora que eu ia fazer a curva, ligava a porcaria do limpador.
Esqueci de comentar sobre os cruzamentos loucos que temos por aqui: você não tem que sair pelo acostamento para cruzar a pista, mas faz o cruzamento pelo meio da pista! Dificil é descobrir qual dos sinais você tem que observar... Mas a Flávia, como co-pilota, foi excelente, tanto na indicação do sinal correto, quanto nas advertências sobre qual meu lado correto (às vezes, quando eu estava no ‘piloto automático’, me esquecia e quase pegava a pista errada, não fosse pelo grito da Flá).
O trajeto litorâneo para Cape Point tem uma vista espetacular! Era dificil segurar o ímpeto da fotógrafa obsessiva-compulsiva para pertmitir que chegássemos antes do anoitecer (o trajeto é de apenas 80 km de Cape Town a Cape Point).
A estrada era bastante estreita e tivemos sorte de estarmos do lado esquerdo da pista, pois, do contrário, estariamos sempre próximas ao precipício!
A parte que mais gostamos do trajeto foi uma que passamos por montanhas escarpadas, que fazia lembrar as imagens da costa malfitana.
Fomos até o extremo oeste, onde há um farol e depois prosseguimos pelo litoral, com a Flá desesperada em razão da estreiteza da pista.
O mais interessante eram as placas de advertência em relação aos baboos (aqueles macaquinhos com dentes compridos)! Mais de uma dezena delas informando que são animais selvagens e que deveríamos manter as janelas e portas do veículos fechada caso nos deparássemos com alguns (muitos turistas já foram atacados por estes animaizinhos, que associam veículos com alimento!).
Infelizmente não encontramos nenhum, nem pela estrada, nem na trilha do Cape Point...
Chegando ao nosso destino principal, devoramos uma pizza super saudável e pegamos a trilha que levava ao topo do Cape Point. Embora a tentação de pegar o funicular fosse significativa, ficamos com vergonha, pois só havia sexagenários na fila para compra do bilhete.
Superando nossa inclinação natural para a preguiça, fizemos a trilha em menos de vinte minutos e, ao chegarmos no topo, tivemos a agradável supresa de que ainda havia outra trilha para chegarmos na extremidade da ponta. Obviamente que não deixaríamos de visitar o local onde o oceâno atlântico encontra o índico. Ainda que saibamos que se trata de uma divisão eminentemente teórica, não poderíamos deixar de experimentar a sensação de estar presente em um local onde várias embarcações já naufragaram.
Embora o antigo cabo das tormentas, hoje cabo da boa esperança, fique um pouco à leste do Cape Point, ele, em si, não é tão interessante como o Cape Point, cuja vista realmente compensa a estafa da caminhada.
A nossa sorte é que Zéfiro estava igualmente com preguiça e nos poupou de sua fúria. Normalmente, há bastante vento no local, como testemunham os troncos das árvores, permanentemente inclinados na direção correspondente da ventania.
Ao retornarmos da nossa caminhada, chegamos a conclusão de que a melhor forma de conhecermos o Cabo da Boa Esperança fosse de carro (há uma trilha de aproximadamente quarenta minutos que leva até lá, mas não teríamos força para voltar...).
Chegando lá, com grande economia de energia, percebemos que teríamos que subir uma trilha íngrime. Foi aí que constatamos que as fotos do sopé da montanha seriam muito mais interessantes que as lá de cima, até para proporcionar uma distinção de ângulos, em relação ao Cape Point...
Depois de aguardarmos os inconvenientes japoneses (desculpem o pleonásmo, é só para enfatizar) entrarem na nossa frente para tirar foto da placa informando que se trata do Cabo da Boa Esperança, aproveitamos a brecha, para provar que também estivemos no local. Afinal, ninguém precisa saber que não subimos aquela encosta íngreme, até porque os navegantes que passaram pelo local também não teriam perdido seu tempo nesta tarefa absolutamente inútil.
Ainda ansiosas para vermos baboos (tantas placas de advertência só fazem aumentar nosso desejo de encontrar-los), vimos um animal peludo correndo, mas logo percebemos que aquele mamífero não era da família dos babuínos (várias vezes confundíamos com os beduínos, aqueles caras do deserto...), mas sim da família do Billy, dos roedores! Eram as cutias, que povoam o lugar e tem a impressionante capacidade de saltar pelas encostas da montanha, indo de um buraco a outro.
No retorno pela estrada a leste, visitamos a colônia de pinguins, instalada em uma praia conhecida como Boulders. Reza a lenda, que um casal de pinguins veio mais do norte para o local, nos anos oitenta, na tentativa de obter alimentos, já que na sua antiga colônia sua fonte de subsistência estava se escasseando, em virtude da pesca predatória. E a partir deste casal inicial, outros resolveram fixar residência no local, que hoje conta com dezenas destas aves meigas.
Obviamente, o homem, prevendo os lucros astronômicos que poderia obter com esta ocupação inesperada, resolveu estabelecer uma espécie de relação simbiótica com eles, dando-lhes toda a proteção necessária, inclusive com a construção de suas próprias residências (ocas feitas de espécie de latões de plástico), e, sob o pretexto de cobrança de ‘taxa de proteção’, passou a extorquir os turistas curiosos, que anseiam em observar os hábitos destas aves.
No retorno, tivemos que suportar um certo perrengue, pois a estrada que nos haviam indicado estava interrompida. No entanto, após este pequeno entretempo, conseguimos novamente nos localizar e tivemos êxito em encontrar o caminho de volta ao nosso lar.
Como estávamos exaustas, renunciamos ao projeto de subir a Table Montain para admirar o por-do-sol e solicitamos que nossa reserva no restaurante português Baía (por aqui conhecido como ‘Baia’) fosse adiantada, para podermos desfrutar de um recompensador sono.
O restaurante tem uma vista interessante para o Waterfront. Resolvi abrir uma exceção e, em razão da especialidade ser frutos do mar, pedimos um prato de frutos do mar, guarnecido de baby lagosta, lagostin e camarão VG (não me perguntem a diferença entre os três, pois achei todos igualmente insossos).
11.10.2010
Dia de abandonarmos Cape Town em direção a Hermanus. A estrada já conhecíamos, já que Gansbaai, onde mergulhamos com o tubarãozinho, fica na mesma direção.
Levamos aproximadamente uma hora e meia para chegármos e fomos recepcionadas por uma galinha d’angola suicida, que atravessava a estrada quando passávamos. Não fosse a buzina estridente do nosso Spark, que a fez voar incrivelmente alto para a espécie, a galinha tinha virado canja de asfalto.
No check-in nada nos foi perguntado sobre nossas pretensões de passeios, já que só há uma atividade na área: observação de baleias.
Ante a absoluta falta de alternativa, o que nos poupou um tempo significativo, fomos em direção ao cais, de onde as baleias costumam ser avistadas.
Logo ao chegarmos ao local, ouvimos uma espécie de buzina, emitida por uma corneta feita de chifre de algum animal endêmico, por um sujeito que se veste como um camponês holandês e cuja função é indicar o melhor lugar de se avistar as baleias e os raros momentos em que elas resolvem fazer uma gracinha, pois, em regra, permanecem tão inertes que são facilmente confundidas com rochas.
O pico da estação das baleias é no inverno, quando elas fogem do frio polar da antártica, ainda restam alguns poucos exemplares daquelas mais friorenas, que retardam seu retorno ao pólo, para curtir o ‘calorzinho’ do mar de Hermanus.
No entanto, tivemos sorte, pois conseguimos pegar um momento de singular êxtase destes mamíferos marinhos.
Logo ao chegármos no observatório principal, pudemos perceber que uma delas levantava seu rabinho assanhadamente, balançando-o para um lado e para o outro. As vezes subia mais, as vezes menos, mas era bem mais interessante do que quando permaneciam deitadas, misturando-se com as rochas do mar.
Parece que o movimento que fazem pode decorrer de diversos motivos, principalmente da atividade preferida delas: comer. Embora apenas se alimentem de planctons e pequenos peixes, consomem diariamente cerca de trezentos quilos de comida (se eu entendi bem, é bastante coisa, e comprova que não é só doce que engorda!), e a forma que fazem para ‘filtrar’ seu alimento é exatamente mergulhando de boca aberta, abocanhando o que tiver pela frente.
Mas podem levantar o rabinho também para brincar ou se exibir para um pretendente.
E era exatamente esta última atividade que o nosso objeto de observação parecia estar praticando. Enquanto ela balançava bastante o rabinho no meio do oceano, havia uma outra a alguns kilometros de distância que fazia um movimento idêntico e se aproximava lentamente, para evitar ser taxado de abusado, ou algo do gênero.
E, quando menos esperávamos, estavam as duas balançando o rabinho juntinhas! Super romântico!
Quando nossa fome começou a superar nossa admiração pelo intercâmbio amoroso das espécies aquáticas, entramos no primeiro restaurante que vimos à frente, aproveitando sua privilegiada vista para o mar, ou melhor, para as baleias.
Obviamente, todos os clientes estavam sentados na janela, posicionamento este que repetimos, por precaução.
Enquanto aguardávamos o peixinho tipico do local (baby royal fish), eu tive a oportunidade única de ver uma baleia dar um salto digno de uma atleta. Ao dar o salto (atividade esta que, por razões inerentes à personalidade preguiçosa da baleia, não haviamos presenciado), a baleia pareceu rodopiar no horizonte.
Na realidade, não sei se foi exatamente isto ou se parte já foi enfeitada por minha mente, mas que ela saltou eu posso garantir que saltou. Claro que não tive tempo sequer para colocar a mão na máquina fotográfica, embora ela estivesse posicionada estrategicamente na janela.
Depois do almoço acompanhado do espetáculo, pretendíamos passar o resto da tarde aguardando outro salto, uma paquera, ou simplesmente ficar se divertindo com o interesse dos demais turistas pela observação das baleias.
No entanto, ao sairmos do restaurante percebemos que nossa operação planejada deveria ser abortada: o vento estava absolutamente insuportável, sendo impossível chegar sequer perto do mar.
Um pouco contrariadas, retornamos a guest house, cujo nome é baleia, em português mesmo (não conseguimos que a dona nos explicasse a razão objetiva de ter atribuído o nome no nosso idioma, pois ela não é portuguesa), mas logo nos reconfortamos com a possibilidade de tirar uma soneca (as baleias não são os seres vivos mais preguiçosos do planeta...).
Ao acordármos, não mais tarde que nove da noite, fomos dar um passeio na cidade e procurar um lanchinho para comprar, quando não foi a nossa supresa ao descobrirmos que faltava muito pouco para que Hermanus à noite se equiparasse a uma cidade fantasma digna de filme de terror.
Conseguimos comprar um waffle em um posto de gasolina situado a uns dois quilômetros para fora da cidade (único estabelecimento aberto, com exceção de dois ou três restaurantes).
12.11.2010
No dia seguinte, depois do check-out (por sorte, não tivemos a louca idéia de permanecer por mais de uma noite na cidade), fomos nos despedir das baleias, ocaisão em que nossa tese foi reforçada: as baleias são mesmo preguiçosas. Não tinha nenhuma, nem mesmo para dizer adeus, o que nos decepcionou um pouco pela ingratidão com seus hóspedes.
De Hermanus para Mossel Bay tem uma considerável distância de aproximadamente 350 kilometros, a qual foi facilmente percorrida, já que a estrada chega a ser monótona, de tão reta, coisa que eu nunca tinha visto na minha vida.
Logo depois de a Flávia comentar sobre a monotonia da estrada, já poderia ser ornamentada por avestruzes, elefantes ou até algumas girafas, vimos um rebanho de carneirinhos pastando.
Evitei parar para tirar foto, a fim de controlar um pouco minha obsessão e não ouvir tantas críticas da co-pilota, que, em relação a mim, fotografa tão pouco, que parece ter fobia da máquina (se é que eu não vou acabar criando uma fobia nela!).
E, como carneiros são igualmente avistados no Brasil e, portanto, não tem tanta graça assim, fomos brindadas com um bando (não sei qual o coletivo correto) de avestruzes, nos espiando sobre seus pescoços descomunalmente compridos!
Claro que não pude resistir a tentação e tive que fotografá-los! São uma gracinha! Os machos são, de fato, muito mais bonitos que as fêmes, pois eles têm um marcante contraste entre penas negras e brancas, enquanto as fêmeas possuem apenas pelos com tons muito próximos de cinza, além de serem menorzinhas.
Chegando em Mossel Bay, depois de negociarmos bastante as paradas para fotos, além daquelas compulsórias em virtude de obras na estrada (acho que se atrasaram um pouquinho para a Copa, o que invariavalmente acontecerá conosco dentro de quatro anos), estacionamos em frente ao museu onde há as duas únicas atrações conhecidas na cidade: a caravela de Bartolomeu Dias e a Post Office Tree.
Apesar da fome, resolvemos entrar logo no museu e conhecer a famosa caravela (inicialmente achei que fosse a original, mas logo cheguei a conclusão que madeira deve ser um material tão durável a ponto de permanecer íntegra por mais de quinhentos anos).
Trata-se de reprodução da caravela capitaneada por Bartolomeu Dias (é aquele que cruzou o cabo das tormentas, onde antes todos os navios naufragavam, fazendo com que o ponto fosse rebatizado de Cabo da Boa Esperança).
Tanto eu, quanto a Flávia, erramos ao mencinoarmos o navegante que realizou a façanha, embora eu tenha literalmente viajado: citei Fernão Magalhães (o que deu a volta ao mundo pelo Pacífico) e ela o Vasco da Gama (primeiro a fazer o caminho para as Índias, mas não a cruzar o cabo).
Mediante uma taxa extra (obviamente, já que aqui eles nunca perdem a oportunidade de arrancar mais um pouquinho de dinheiro dos gringos), você pode entrar na Caravela, que foi construída em Portugal, em 1987, seguindo o modelo da original, e foi transportada para cá da forma mais econômica possível: pelo mar.
A cópia, contudo, foi até mais eficaz que a original, nesta função, já que chegou a seu destino em apenas três meses, enquanto a original levou mais de seis meses. O museu foi reformado especialmente para abrigar a reprodução de algumas toneladas.
Foi interessante a experiência de ingressar na caravela, embora um pouco claustrofóbica a visita ao porão, onde os marinheiros dormiam, empoleirados em camas beliche.
Em seguida, procuramos a post office tree, a qual não foi muito dificil de ser encontrada, dada a monstruosidade do seu tamanho (acho que só perde para o cajoeiro de natal!).
A árvore tem mais de quinhentos anos e fica situada próxima a fonte na qual os marinheiros se reabasteciam de água potável. Seu nome decorre da prática iniciada por um marinheiro, de pendurar um sapato com uma mensagem em um dos galhos, prática esta que parece ter sido seguida por outros, a fim de se comunicar entre si.
A ventania estava insuportável então depois do almoço, mal conseguimos tirar uma foto do farol sem sermos carregadas pelo vento.
Prosseguimos nosso trajeto em direção a Oudtshoorn (ufa, que nome difícil! p.s.: abrev. ‘oud.’), por uma estrada que não agradou nada a Flávia, já que era ela quem fica a esquerda e, no caso, mais próxima do precipício.
No entanto, a estrada é realmente linda!!!
A guest house que escolhemos é super aconchegante, com um jardim fantástico, até com um laguinho.
A noite, fomos jantar em um restaurantezinho que, embora bastante simples, foi qualificado entre os dez melhores da áfrica do sul. A carne servida foi um kudu, que apenas muito tempo depois descobrimos que não era nem carneiro, nem búfalo.
13.11.2011
O cansaço era tanto que não acordamos nem com o forte canto dos passáros, mas apenas com o despertador, nos comunicando que o tempo de descanso havia acabado.
Findo o café da manhã, pegamos a estrada para a Cango Caves, cujo tour já haviamos escolhido previamente, já que sabíamos que não conseguiriamos fazer o “adventure tour”, na qual temos que deslizar por meio de fendas estreitíssimas (algumas cuja largura não é superior a trinta centímetros) um prato feito para causar pânico e desespero em pessoas claustrófobicas.
Nos contentamos com o “regular tour”, no qual temos mais tempo para admirirar a beleza do interior das câmaras da caverna. E não nos arrependemos!
Desde a primeira câmara ficamos encantadas com as mais diversas formações rochosas de estalagmites e estalagtites, além de algumas que constituiem uma verdadeira união das duas anteriores. O negócio é tão apaixonante que sequer conseguimos prestar atenção na explicação do guia, que contava a história da caverna. Desta forma, as informações sobre ocupações pelos homens da caverna ou seja lá quem for eu fico devendo para depois de assistir o DVD que compramos especialmente para isso.
A beleza do local é simplesmente indescritível, intraduzível por palavras. Obviamente que a iluminação estrategicamente instalada em muito contribuiu para amplificar a admiração da beleza natural, que, contudo, em nada a modifica.
Há alguns anos atrás, inclusive, todas as câmaras possuiam uma iluminação colorida, mas acabou sendo muito criticada pelos visitantes, já que, diferente da luz branca, dificultava a visualização dos detalhes das formações rochosas.
Enfim, adoramos o passeio e, pelas fotos, será possível constatar que nada do que foi dito aqui é exagero nosso.
Depois de passarmos naturalmente na lojinha, quando finalmente encontramos umas máscarazinhas que realmente nos agradou, fomos em direção a visita mais esperada: a da ostrich farm (eu tinha o maior medo de confundir ostrich com oysters, ao pedir avestruz nos restaurantes, dada a similaridade da pronúncia!).
Como há uma infinidade de fazendas dedicadas à atividade da exploraçã das pobres coitadas das avestruzes, que acabam servindo não apenas como matéria prima para carnes, mas também como espécie de chamariz turística, resolvemos visitar a primeira que encontramos pelo caminho, que é, não por acaso, do mesmo grupo econômico que explora a caverna: “Cango Ostrich Farm”.
Os tours são realizados a cada hora (o que parece significar que sempre há interessados), e iniciam-se com uma breve explicação sobre hábitos, atividades e formas de exploração econômica dos pobres avestruzes.
O macho diferencia-se da fêmea pela plumagem, pois enquanto ele possui aquelas lindas penas negras e brancas, as fêmeas tem uma chata plumagem gris. Para se ter uma idéia do valor econômico de uma pena de avestruz macho, um grama dela vale o mesmo que um grama de ouro (obviamente deve-se considerar que ela é muito mais leve, mas o valor ainda assim é significativo).
Depois ele explicou como se faz para verificar se o ovo do avestruz está fecundado: coloca-se sobre uma luz e é possível ver se há ou não um feto em seu interior, já que a casca do ovo é translúcida!
Embora o ovo de avestruz seja comestível, com sabor parecido com o comum, possui muito mais colesterol, já que é 24 vezes maior que o de galinha! No entanto, em todos os restaurantes que tentei pedir um ovinho de avestruz, fui olhada com estranheza, não me perguntem por que.
A carne do avestruz, contudo, é uma das mais saudáveis que existe, possuindo nada mais que apenas três por cento de gordura. E tudo isso em um bichinho que pesa mais que 150 kilos!
Ele prosseguiu a sua explicação, nos informando que, em razão do avestruz não ter dentes (na realidade, é por não ter moela ou equivalente, já que, pelo que eu saiba, nenhuma ave possui dentes), é muito comum encontrar os mais diversos objetos no interior do seu estômago, desde pequenas pedrinhas, até pilhas, plástico ou qualquer outro objeto que porcos ou melhor, seres humanos, joguem no chão.
Teve até uma vez que uma avestruz engoliu uma garrafa pet de refrigerante de litro e meio, mas, afortunadamente, não conseguiu sobreviver para narrar a façanha.
Prosseguindo nosso tour, visitamos uma avestruz anã, que por razões óbvias estava separada das demais (parece que na região existem apenas sete ou oito do tipo). Aproveitamos para alimentar-la com razão, mas a picadinha dela é forte e Flávia até teve o mindinho picado, cuja marca é possível ver até hoje, nove dias depois.
Depois visitamos a encubadeira, onde tivemos a possibilidade de ver a maldade que eles fazem com o avestruzinho que sequer saiu do ovo: eles retiram o ovo da encubadeira para nos mostrar uma espécie de gosma que fica em seu pescoço e lhe alimenta nos primeiros dias de vida.
Em seguida, foi a vez de retirar o avestruzinho alguns dias mais idoso e o bichinho ficou deseperado diante dos flashes da câmera e tanta gente ao seu redor. Se, um dia, desenvolverem a especialização de psicoterapia para avestruz (como já existe para cães), certamente vão qualificar esta experiência como trauma de infância, que infalivelmente maculará toda a sua existência.
A próxima visita foi a da Betsy, a avestruz mais simpática que já conheci. Chamava ela de Beth mesmo, já que para mim seu nome era a abreviação de Elisabeth.
Não se sabe por que razões, ela nasceu sem o espírito agressivo das demais, o que fazia com que ela sempre fosse agredida pelas outras, sem que se defendesse adequadamente (isso foi dito pelos criadores, para tentar nos convencer de que esta não tinha sido domesticada...). Desta forma, tiveram que separá-la das demais, já que este comportamento poderia comprometer sua integridade física.
O guia perguntou quem queria receber um beijo do avestruz. Por sorte não me ofereci para ser a cobaia, já que o beijo não é espontâneo, como pensei que fosse, mas é necessário que você ponha uma ração na boca para ela pegar (eca!).
Depois me ofereci para a experiência do abraço, que evidentemente não seria com seus “braços” (diga-se patas), mas sim com seu pescoço. No entanto, foi um abraço novamente induzido pela ração, mas a falta de espontaneidade não estragou a experiência de ficar enrolada entre seu pescoço.
A Beth, ou melhor, Betsy é realmente uma gracinha, e podemos “sentir” que é uma avestruz mais carinhosa que as demais pelo seu olhar. Quando o guia nos chamou, a minha vontade era de ficar ali com ela, tirando muitas fotos daquele rostinho meigo.
Eles também possuem criação de ema, mas, embora o guia tenha explicado a diferença entre estas duas aves, eu não estava com a mente presente para ouvir, pois tentava tirar fotos dos bichinhos.
A parada seguinte foi a tal do “ostrich” drive. Achei que primeiro a avestruz seria montada por um jockey e só depois a experiência seria oferecida para os turistas. Mas eles fizeram ao contrário. Ofereceram primeiro para nós.
Ficamos com a maior peninha do avestruz, pois eles colocam uma espécie de capuz para que a ave não nos identificasse, mas a impressão é que ela seria levada para o corredor da morte, dada a resistência oferecida pelo bichinho.
Mas como todos foram, eu tampouco deixaria de montá-la, até porque em breve ninguém poderá fazê-lo mais, já que a sociedade protetora dos animais já conseguiu modificar a legislação de diversos municípios da África do Sul para proibir a prática e parece que apenas em ods é que ela ainda não se tornou ilegal.
Há, contudo, uma limitação em relação ao limite de peso entre os jockeis, já que não pode ter mais de 75 kilos. Antes de ser uma descriminação com os gordinhos, o limite é imposto a fim de evitar que se quebre a perna do avestruz, já que, neste caso, ela teria que ser sacrificada, dada a impossibilidade de restauração.
Embora eu tenha quase desistido de ir, já que queria mesmo era andar sozinha, sem ninguém me segurando (dois jockeis nos acompanham para nos segurar quando cairmos), acabei cedendo a esta condição ao ser informada que na semana anterior um italiano foi sozinho (for his own risk), acabou fraturando duas costeas e teve que cancelar a viagem que mal iniciara.
Foi bem divertido, embora seja pior que se manter em pé em um touro mecânico (menos de cinco segundos, talvez), enquanto nos seguramos nas asas do avestruz, que são incrivelmente fortes.
Depois desta aventura, tivemos a última experiência de ficar em pé sobre diversos ovos de avestruz dispostos sobre um montinho de terra. Neste hesitei muito mais que no outro, já que, apesar de não ter limite de peso, fiquei com medo de ser a única capaz de quebrar aqueles ovos. No entanto, consegui ficar sobre eles sem causar nenhuma trajédia, fato este que, depois de não muito raciocinar, podiamos concluir, já que suporta o peso do próprio avestruz que os choca.
Por fim, visitamos um parque que mais parcia com coisas da Disney: “Cango Wild Life”, cuja entrada era ornamentada com uma imensa mandibuba de crocodilo. Longe de estar interessada pelo mergulho na jaula com o crocodilo do lado de fora (se ele também estivesse dentro da jaula, poderia ser mais interessante), queria mesmo era ver as cheetas.
O tour era bobinho, uma espécie de zoológico com animais típicos da região. No entanto, logo na entrada nos deparamos com diversos morcegos pendurados no teto, sem qualquer proteção que os impedisse de resolver pousar em um visitante inadvertido. Fiquei até na dúvida se eram de fato reais, dúvida esta eliminada com a resposta positiva do guia. Em seguida, vimos o perigosíssimo wildpork, mas me diverti mesmo com os macaquinhos de madagascar fazendo várias estripulias.
O crocodilo mesmo, usado como cartão de visitas do parque, não tem nenhuma graça: passamos por uma ponte que começa a vibrar inadvertidamente como se a gente fosse cair na água (contudo, estava muito longe denos assustar), enquanto alguns turistas bobos pagam uma fortuna para ficar na água, dentro da jaula, vendo aquele crocodilo lerdo nadar (neste aspecto, é muito mais emocionante o tubarão branco, não apenas por estar nos seu habitat natural, mas também por ser consideravalmente mais ativo).
Em seguida, vimos uma espécie de mini hipopotamo sobre cuja inofensividade eu poderia jurar. No entanto, a informação que tinhamos foi confirmada: o maior número de mortes da África do Sul é efetivamente causado pelos “hipos”.
Dentre os pássaros, o que eu achei mais interessante foi a cegonha, pegando um solzinho com aquelas asas arreganhadas!
Por fim, foi a vez de visitarmos os felinos e fiquei sensivelmente encantada com a ferocidade com que os filhotinhos de cheetas devoravam um pedaço de carne vermelha a sua diposição.
Mas o animal mais belo foi mesmo um leão, cuja pelagem era de um amarelo tão claro que o tornava quase branco. O leão foi eleito o animal preferido da Flávia, principalmente depois que ela descobriu que ele dorme cerca de vinte e duas horas por dia! Que preguiçoso! Acho que papai também deve ter herdado as características do símbolo do seu próprio signo...
O tigre de bengala, originário da Ìndia, foi levado para a África não sei por que razão. Ele estava descansando sob uns arbustos e consegui tirar fotos maravilhosas.
Por fim, foi a hora de fazer o que eu mais esperava do passeio: tirar fotos com a cheeta. Obviamente que escolhi tirar com a maior, já que os menorezinhos, apesar de serem muito fofos, não são tão bonitos quanto o maior. E também poderia dizer que a foto foi tirada com uma onça, já que poucos conseguiriam diferenciar!
Prestadas algumas informações a título de medidas de segurança, como não passar a mão na barriga e não chegar pela frente do animal (depois descobri que era para ela não resolver brincar com você e dar uma “patadinha”), nós entramos na jaula e tiramos incontáveis fotos.
Como já estávamos “starving” (quase roubei o pedaço da carne crua oferecida para a cheeta), procuramos desesperadamente um restaurante para um almoço. Embora quase todos estivessem fechados, acabamos encontrando um e comemos lá mesmo.
O dia estava lindo no trajeto para Knysna, cuja beleza era estonteante. O tempo, contudo, fechou abruptamente. Chegamos depois do percurso de uns 120 kms e, depois de nos perdermos bastante na cidade, descobrimos que a guest house ficava em uma rua de nome desconhecido por já ser fora da cidade.
Embora mortas, saímos para conhecer o Waterfront, significativamnete menor do que o de Cape Town. No restaurante em que fizemos um lanchinho, lemos um panfleto no qual havia um anúncio convidando cidadãos e turistas para participar de uma espécie de campeonato para comer ostras! Não me perguntem que tipo de competição seria, mas só sei que eu não participaria nem que o prêmio fosse uma viagem de volta ao mundo!
Foi aí que descobrimos que Knysna é uma espécie de capital mundial da ostra, o que não foi dificil de se verificar pelos pratos pedidos pelos nossos vizinhos e pela larga oferta destes moluscos intragáveis! A propósito, ostra é um molusco mesmo?
14.11.2010
Pegamos algumas dicas de passeio com o dono da guest house (até então ele ainda era extremamente simpático, simpatia esta que, de tão excessiva, acabou se tornando chatisse) que nos levou pessoalmente até a montanha conhecida “heads”, considerado um dos melhores pontos de observação da magnífica cidade, com sua imensa lagoa azul à direita e o mar aberto à esquerda, o qual, na semana anterior, foi visitado por algumas baleias assassinas.
Depois desta belo passeio de boas vindas, resolvemos iniciar pelo parque nacional conhecido como “forest”, que é onde os “locais” vão fazer pique-nique nos momentos de lazer.
A floresta é identica à brasileira e, talvez por esta razão, não achamos nada demais. Resolvemos optar por fazer uma trilha de 3,8 km (ida e volta) que daria em uma piscina natural.
Embora estivessemos quase desistindo de tão longe, acabamos sendo estimuladas por uma gringa que, ao retornar, nos informou que apesar de longe, valia a pena, dada a beleza da cachoeira.
Quando finalmente chegamos, formulamos duas hipóteses: ou a turista nunca viu uma cachoeira na vida e acabou sinceramente se encantando, ou ela era realmente uma filha da p. que queria nos sacanear.
Acho a primeira hipótese mais plausível (até porque é, de fato, um lugar bem aclamado pelos locais e por muitos turistas mesmo) e chegamos a conclusão que o Brasil é, efetivamente, extremamente mal explorado em termos turísticos, pois, se qualquer cachoeirinha de Conservatória supera em tamanho, beleza e acesso a que vimos, que dirá da Chapada Diamantina, Ibitipoca ou até Visconde de Mauá?
Retornamos em apenas vinte minutos, na tentativa de literalmente correr atrás do tempo perdido, e fomos direto para o litoral, conhecer a Buffalo’s Bay.
Ficamos extremamente encantadas logo na primeira parada (Houwehoek, ou algo do gênero), cuja praia era de uma beleza espetacular com várias rochas pontiagudas despontando no mar, como espécies de “icebergs” de pedras, que lembram fotos que já vi do mar australiano. Após permanecermos por um tempo admirando aquelas formações rochosas ímpares, e aquele mar maravilhoso, prosseguimos nosso “tour” em direção a praia de Buffalo’s Bay propriamente dita que, embora linda, é mais parecida com as nossas, com aquela faixa de areia bem comprida e o mar proprício para prática de surf e kitesurf, já que o vento era insuportável.
Não conseguimos ficar muito tempo no local, em razão da forte ventania, então pegamos o carro para satisfazermos nosso estômago que já clamava por atenção.
Almoçamos em um restaurante lindinho, ornamentado com as mais diversas espéciese de flores e instalado em uma estação de trem desativada. O cardápio, além de oferecer os pratos, também narrava um pouco a história do trem, cujo fato mais dramático ocorreu quando uma ponte se rompeu acarretando a queda do veículo. Não se poderia esperar nada de melhor de uma ponte feita de madeira para suportar um trem...
Já satisfeitas após almoçarmos uma espécie de escondidinho de carneiro, fomos até o Belvedere, de onde, como o próprio nome indica, se pode vislumbrar a beleza da cidade.
No entanto, foi a última praia visitada, “brenton-on-the-sea” que mais despertou nossa admiração: havia uma quantidade ainda maior de rochas pontiagudas surgidas do mar, além de outras formações rochosas igualmente belas por todo o litoral que margeia a praia. Realmente encantador.
E para fecharmos o dia com chave de ouro, fomos até Kranshoek, onde fizemos a caminhada mais inútil da viagem: como vimos um sinal vermelho com um traço branco na horizontal, concluímos que não se poderia ingressar de automóvel naquela rua.
Depois de caminharmos mais de um quilometro, vimos dois turistas de carro e logo constatamos que o caminho que pegamos à pé apenas não era mão para veículos automotores, cujo acesso era feito poro outra via ao lado que não haviamos visto! Essa foi triste, principalmente considerando que o local estava deserto até a aparição dos turistas, o que contribuiu para um acentuado clima de temor...
Abstraindo esta pequena distração nossa, o local era igualmente fantástico, só não estava melhor porque as rochas ficaram mal localizadas a oeste do ponto de observação, quando estariam melhor a leste, recebendo a iluminação do por do sol, o que viabilizaria fotos muito melhores.
Mas abstraindo este equívoco cometido pela natureza, também gostamos muito da vista dali, fazendo com que o dia fosse perfeito!
15.11.2010
O dia de hoje pode ser considerado uma espécie de programa como o “No Limite” da Globo, ou qualquer um côngenere, que resolvi batizar de “Survival on the rocks”, cuja indicação foi dada pelo mesmo simpático owner da Guest House.
Embora tenhamos perguntado de que grau era a dificuldade da trilha, ele se limitou a dizer que seria “tranquila” e como nós éramos pessoas em plena forma física não teríamos qualquer dificuldade. Nos ofereceu uma garrafinha de quinhentos mililitros de água e lá fomos nós, em direção a Robberg Island, um pouco antes de Pletensberg.
O perrengue se iniciou mesmo antes da chegada, quando descobrimos que o “atalho” indicado era, na verdade, de uns doze quilometros de estarada de terra, que passava por fazendas cujos habitantes sequer compreendiam o inglês para nos dar explicações satisfatórias. Além disso, nós tampouco tinhamos entendido corretamente o nome do local, já que perguntávamos por “robot” que, na lingua deles, significa semáforo. Obviamente, ninguém podia se entender.
Quando finalmente encontramos a placa do local “Robberg”, pagamos uma pequena taxa de entrada e iniciamos a via crucis que, até então, acreditávamos se tratar de um agradável passeio pelo qual veríamos foquinhas e belas paísagens.
Primeiro tivemos que suportar em silêncio o ataque das formigas impiedosas, que subiam inescrupulosamente pelos nossos sapatos, atingindo rapidamente nossas pernas e pés. Era dificil desviar delas, pois ocupavam toda nossa trilha.
Após este desespero, parcialmente superado pelas fortes pisadas que dávamos, no intuito de nos vingarmos das assassinas, constatamos que o sol estava queimando mais forte que o previsto, embora não tivessemos passado protetor solar suficiente.
Somado às formigas e ao insuportável sol, logo foi acrescido aquele desagradabilissimo fedor de focas, ou de peixe podre, que dá no mesmo. Quando chegamos em um banco de areia que, pelo mapa, indicava metade do caminho de ida e um quarto do total (pelo menos em termos de kilometros), já haviamos consumido mais da metade da nossa parca reserva de água.
Não entendemos o sentido da placa advertindo que se chegássemos àquele ponto até 14h deveriamos voltar, em razão do risco de continuar a caminhada.
Só depois de muito caminhar percebemos sua razão de ser: o retorno inteiro é feito pela margem da ilha, sobre vários pedregulhos amontoados e esta foi, de fato, a parte bastante sofrida da caminhada, quando não tínhamos mais água, mas tampouco podíamos demorar muito, a fim de evitar que a maré subisse.
Não se podia chamar aquilo sequer de hiking, pois mais estava parecendo um climbing: em alguns momentos faltava pouco para dispensar o uso de equipamento específico.
E, qual não foi a minha suspresa quando vi desenhado o mapa uma caveirinha em um dos pontos, o que nos levou a achar que o local seria perigosíssimo. No entanto, tivemos uma notícia boa e outra ruim: não seria perigoso, desde que não pegássemos nenhum atalho improvisado.
Ocorre que a trilha normal consiste em uma subida íngrime, em uma direção praticamente horizontal para cima da montanha, sem que avançassemos mais de um metro na direção da chegada. Ou seja, seria necessário muito mais energia do que o previsto.
Já estávamos realmente mortas, após o desgaste de passarmos de pedregulho em pedregulho como se fôssemos cabritos, mas não tinhamos opção senão seguir umas malditas foquinhas (a indicação do caminho era feita pelo desenho de uma foquinha em um azuleijo!).
Fizemos uma parada para comermos uma banana (único suprimento que nos restava) e fomos em frente, para evitar que o sangue esfriasse e desistissemos de completar o percurso.
Finalmente, depois de mais de quatro horas de perrengaço, atingimos o ponto de chegada, não sem antes xingarmos de todos os nomes nosso guest house owner, que, por alguma razão desconhecida, não deve ter ido muito com a nossa cara.
Desconsiderando esses “pequenos” entretempos, a vista é fantástica, embora não sei se posso qualificá-la de recompensadora. E o desenho das foquinhas não é propaganda enganosa, pois vimos, embora de longe, muitos destes animais marinhos pelo caminho, que, naturalmente, vou querer permanecer um bom tempo sem reencontrá-los.
No entanto, é possível admirar boa parte da paisagem fazendo como a maioria das pessoas normais faz: indo até o tal banco de areia. Se soubessemos disso antes, poderiamos ter poupado um pouco o nosso corpinho e nossa pele, que ficou igual um pimentão.
16.11.2010.
Fizemos o check-out no hotel dando graças a Deus por não ter mais que aturar duas pessoas atrás de nós no café da manhã, com a bandeja na mão, oferecendo para levar nossos cereais até a mesa, que ficava a um metro do local.
Hoje o tempo não estava dos melhores, e o primeiro local que visitamos foi o Knysna Elephant Park, que é uma espécie de orfanato de elefantes, mas não significa, necessariamente, que só tenha elefantes pequenos como eu imaginara, já que estes, quando crescem, permanecem no local.
Após assistirmos a um pequeno documentário dando informações básicas sobre os elefantes, que foram quase levados à extinção devido a sua caça para obtenção de marfim, cujo valor aproximado no mercado negro é de aproximadamente mil e quinhentos dólares por kilo (cada marfim, que é uma espécie de dente prolongado, pode pesar de seis a dezesseis kilos! Os caçadores sequer aproveitam a carne do elefante, já que seu valor é baixo, pois, embora comestível, é uma carne relativamente dura e, por incrivel que possa parecer, sem gordura), iniciamos o tour propriamente dito.
Iniciamos o tour propriamente dito pelo local em que os elefantes dormem; o local oferece, inclusive, a excêntrica experiência de o turista passar uma noite dormindo na companhia dos elefantes, o que nos causou profunda estranheza! Logo imaginei o que aconteceria se o elefante resolvesse virar para o lado em que estivessemos dormindo, bem como o quanto seria desagradável dormir sobre o feno.
Mas logo o guia nos apontou um aposento acima, onde evidentemente o elefante não entra e é o quarto dos candidatos a se submeterem a esta experiência. Infelizmente, nós já haviamos feito todas as reservas dos hotéis, mas, quem sabe, em uma outra oportunidade?
Em seguida fomos alimentar os elefantes, que ficam “educadamente”, ou melhor adestradamente atrás de uma barra de ferro enquanto oferecíamos comida para eles (foi informado que não se usa qualquer tipo de tortura física para adestrá-los, como em outros locais).
Queríamos mesmo era alimentar o pequenininho, tarefa esta quase impossível, ante a voracidade dos demais, que acabam roubando-lhe a comida. A Flá, contudo, conseguiu fazê-lo antes que alguns dos grandalhões lhe roubassem o alimento.
O mais legal era sentir o ar quente saindo da tromba do elefante, ao pegar o alimento oferecido (eu queria era mesmo dar diretamente na boca, mas não me permitiram fazê-lo, não sei por que razão).
Depois da comida, fomos tirar fotos ao lado dos elefantes, não sem antes sermos advertidas que nunca poderíamos ficar entre dois elefantes, ou atrás de alguns deles, para não sermos involuntariamente esmagadas por eles.
As fotos que tiramos ficaram muito legais (embora a chuva tenha deixado a lente um pouco molhada e “manchado” as fotos), principalmente aquelas que eu e a Flá tiramos juntas, que evidenciavam o temor reverencial dela pelo animal, já que, enquanto eu estava quase abraçada com o bicho, ela mantinha uma distância de segurança de pelo menos um metro.
De todas as experiências, a mais interessante foi abraçar o menorzinho, mesmo que o custo disso fosse ficar ainda mais imunda do que eu já estava (eles adoram escarafuchar – existe isso? na lama!).
Terminada a brincadeira, tiramos nossos casacos imundos e fomos em direção à próxima aventura: cheetas experience.
Apesar (ou por causa) da minha grande expectativa, acabou não sendo tão interessante quanto a experiência do elefante, já que os felinos, diferentes do elefante, não gostam muito de água (não foi à toa que a Flá se identificou com o leão...).
Como estava chuviscando, a maioria estava escondida, então não pudemos aproveitar ao máximo o passeio.
Depois de gastarmos um tempo significativo à procura dos gatos selvagens, a guia nos apontou dois gatinhos que mais pareciam vira-latas. Segundo ela, todos os domesticados ‘descendem’ deles, daí aquele espírito arredio... No entanto, deitadinhos ali, pareciam super mansinhos e eu não teria qualquer temor de lhes fazer carinho.
Visitamos o Caracal (parece um misto de gato com cachorro – muito estranho!), mas, infelizmente, não fomos autorizadas a entrar na jaula do leopardo, que estava em sua casinha para se proteger da chuva.
Por fim, entramos na jaula das cheetas, cuja velocidade poda alcançar até 120 km/h! No entanto, a chata da guia não nos autorizou passar a mão no bichinho, mas apenas tirar foto de longe, o que não me agradou nem um pouquinho.
O mais engraçado foi o susto que um dos turistas passou, ao ser “atacado” por trás por uma cheeta que, na pretensão de brincar com ele, entrou entre suas pernas. Ele ficou literalmente “freezed” até constatar que não havia nenhum risco!
Como não conseguimos fazer o elephant drive no Elephant Park, por termos chegado muito tarde, conseguimos fazê-lo em outro local, mas por um período muito curto de dez minutos. Confesso que não senti muita diferença entre o elefante africano e o asiático, até porque ela se restringe ao tamanho da orelha e a circunferência da testa, sendo uma mais rendonda que a outra (não me perguntem qual é qual!).
Perguntei por que tinhamos que segurar firme no “motorista”, foi quando ele esclareceu que, se assustado, o elefante pode correr a uma velocidade de até 50km/h, razão pela qual eventual queda poderia acarretar graves danos.
Os elefantes, no entanto, são adestradinhos (parece até de circo) e todos andam um segurando o rabinho do outro com a tromba, o que dificultou que o passeio tivesse um pouco mais de emoção, salvo uma pequena rebeldia final do elefante lider, que “puxava” os demais.
A estrada até Port Elisabeth passa por dentro do Tsitsikama Park (parque de água abundante, em português), razão pela qual não podiamos deixar de conhecer o maior “bung jump bridge” do mundo, de 200 metros de altura.
O mais interessante foi que sequer percebemos estar passando de carro em cima da ponte, o que apenas foi constatado após vermos um aviso informando que o bang jump view seria à esquerda.
Ao chegarmos no view point meu estômago embrulhou na hora, ao ver aquele pontinho pendurado em uma cordinha no meio do vale. O ponto em que as pessoas pulam fica em uma plataforma imediatamente embaixo da ponte e, por isso, não é possível vermos quando passamos de carro pelo local.
Desisti de experimentar aquele bung jump, pois estava com fome e fiquei com medo de não ter mais restaurantes abertos. Também não queria chegar muito tarde em Port Elisabeth. E, até porque, aquele não é o mais alto do mundo, mas apenas o mais alto da ponte. Então acabei decidindo deixar para outra oportunidade.
Chegamos em Port Elisabeht já a noite, e quase ficamos sem poder jantar, pois os restaurantes já estão todos fechados antes mesmo das dez da noite (o povo por aqui come cedo mesmo!).
O melhor do hotel é que ele fica pertinho do aeroporto e, no dia seguinte, não precisariamos acordar mais cedo. De resto, não recomendaria a ninguém, principalmente pela acústica péssima e da localização do nosso quarto, o mais próximo possível da porta de entrada.
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